Em 2009 o Governo divulgou os resultados do último Censo Agropecuário, com dados recolhidos durante os anos de 2006 e 2007 em todo o território rural brasileiro. O censo traz uma novidade de extrema importância para nós, camponeses: pela primeira vez, ele retratou a realidade da “agricultura familiar” brasileira, que nós chamamos de agricultura camponesa. E o mais importante, os resultados comprovam o que nós, camponeses e camponesas organizados no MPA, temos afirmado cotidianamente: é a agricultura camponesa que produz mais de 70% dos alimentos consumidos pelo povo brasileiro, mesmo com pouca terra e poucos incentivos de financiamento e crédito para produzir.
Um dos primeiros dados apresentados pelo Censo faz uma relação entre o número de estabelecimentos da agricultura familiar e o tamanho do território que eles ocupam. 84,4% dos estabelecimentos rurais brasileiros estão dentro do perfil “estabelecimentos da agricultura familiar”, e ficam com apenas 24,3% do território ocupado no campo brasileiro. Os outros 15,6% dos estabelecimentos representam a agricultura “não familiar”, ou seja, o agronegócio, que por sua vez, fica com 75,7% das áreas ocupadas.
As informações evidenciam como é grande a concentração de terra no Brasil, já que cerca de 15% dos proprietários de terra concentram mais de 75% da área produtiva do país.
Outro dado importante destacado no censo é a geração de emprego no campo. A agricultura camponesa mantém 12,3 milhões de pessoas ocupadas no campo, o que corresponde a 74,4% de todos os empregos gerados na área rural. Já o agronegócio mantém 4,2 milhões de pessoas ocupadas, apenas 25,3% dos empregos no campo. Em resumo, esses números significam que 7, de cada 10 empregos no campo, são gerados pela agricultura camponesa.
Por fim, temos a agricultura camponesa como a principal produtora de alimentos básicos, garantindo a segurança alimentar do país. Somos responsáveis pela produção de 87% da mandioca, 70% do feijão, 46% do milho, 34% do arroz, 58% do leite, 59% da carne suína e 50% das aves produzidas no campo brasileiro. O cultivo que temos menor participação é justamente a soja, (somos responsáveis por 16% da produção) que hoje representa um dos grandes monocultivos brasileiros voltados à exportação.
Como vimos, a agricultura camponesa, mesmo ocupando pequenas áreas de terra, é a principal fornecedora de alimentos básicos no país, e quem mais gera empregos no campo, desmentindo de uma vez por todas o discurso do agronegócio. Agora, temos que divulgar essas informações e fortalecer cada dia mais a agricultura camponesa, consolidando a agroecologia como proposta de produção agrícola para o país.
Outras informações:
- A área média dos estabelecimentos familiares era de 18,37 hectares, e a dos não familiares, de 309,18 hectares, ou seja, 17 vezes maior.
- O número total de pessoas ocupadas na agricultura familiar em 2006 é mais que duas vezes superior ao número de empregos gerados pela construção civil no mesmo ano.
- Para fazer downlaod da cartilha “Agricultura familiar no Brasil e o Censo agropecuário 2006″ clique aqui
- Para fazer o download do Censo na íntegra clique aqui
A VERDEIRA FORÇA DO CAMPO BRASILEIRO VEM DA AGRICULTURA FAMILIAR, ISSO É FATO !!!
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